A hipnose clínica tem vindo a revelar-se uma ferramenta terapêutica segura e eficaz no tratamento de várias perturbações emocionais e comportamentais em crianças e adolescentes. Entre os quadros mais frequentemente abordados através da hipnose clínica encontram-se a ansiedade, o défice de atenção com ou sem hiperatividade (PHDA), as dificuldades de regulação emocional, medos, enurese, perturbações do sono e dor crónica (Kohen & Olness, 2011).

A prática clínica e diversos estudos apontam que a hipnose, ao induzir estados de relaxamento profundo e foco atencional, ajuda os jovens a aceder a recursos internos, promovendo o controlo dos impulsos, a autorregulação e a redução da ansiedade. Esta abordagem é particularmente benéfica em fases do desenvolvimento onde a imaginação e a plasticidade cognitiva são mais marcadas, como acontece na infância e adolescência (Anbar & Geisler, 2005).

Em contexto terapêutico, a hipnose pode ser usada para trabalhar medos (como medo do escuro, de separação ou do insucesso escolar), melhorar o sono, aliviar sintomas de stress pós-traumático e ajudar na gestão de condições psicossomáticas como dores abdominais recorrentes ou cefaleias (Kohen et al., 2020). A eficácia da hipnoterapia em idade pediátrica é suportada por revisões sistemáticas que demonstram melhorias clínicas significativas, sobretudo quando a intervenção é adaptada ao nível de desenvolvimento da criança (Häuser et al., 2021).

Além disso, a hipnose permite que crianças e adolescentes desenvolvam ferramentas de autoajuda, com impacto positivo a longo prazo na sua autonomia emocional e na relação com os outros. Ao ser um processo não invasivo, centrado na colaboração e no respeito pelas experiências da criança, a hipnoterapia é também bem aceite pelos mais novos e pelas suas famílias.

Importa destacar que a hipnose clínica deve ser sempre conduzida por profissionais qualificados, com formação específica em hipnoterapia pediátrica, respeitando as necessidades individuais da criança ou adolescente e em estreita articulação com os encarregados de educação.

Embora ainda exista necessidade de mais estudos longitudinais e controlados, a evidência científica atual é promissora e apoia o uso da hipnoterapia como uma abordagem complementar eficaz, ética e centrada na pessoa.